quinta-feira, 7 de agosto de 2014

#36 Lendo: A Menina Que Roubava Livros

Sinopse: Ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História.

Autor: Markus Zusak

Comecei a ler A Menina Que Roubava Livros em março, depois de assistir A Lista de Schindler e antes de assistir Gen Pés Descalços. Às vezes, lendo o livro, desejei ter lido antes de assistir A Lista de Schindler, que tem exatamente o mesmo contexto histórico, mas muito mais emoção em 15min de video do que A Menina Que Roubava Livros tem em 300 páginas escritas.

Não é que eu não tenha gostado, a história é boa, tem seus pontos mais tristes, a narração flui até que bem, a diagramação é incrível e a capa é linda, mas fiquei frustrada, e essa é a palavra quando penso nesse livro. Falta emoção na narração e algum carisma da personagem principal – ou das personagens principais, já que a Morte é quase tão personagem principal quanto a Liesel. Aliás, esse foi o primeiro ponto a me incomodar bastante, os personagens secundários são muito mais interessantes do que a personagem que deu nome ao livro – duas páginas de Rudy, Hans ou Rosa são muito mais emocionantes e encantadoras que um capítulo longo de Liesel.

É como se ela, e a Morte, não tivessem emoções na maior parte do tempo, concordando ou não com o que acontecia pela Alemanha ao longo dos anos narrados no livro, enquanto todos os outros passavam pelos problemas de uma guerra, pelas perdas e pelas dificuldades que ela causa. A história de como Liesel virou a “menina que roubava livros”, como aprendeu a ler e se apegou às palavras, é muito bonita, mas narrada de um jeito tão... Seco, tão morno e monótono que nem isso conseguiu me convencer de que a protagonista podia ser tão interessante quanto as pessoas que a cercavam. É como se ela estivesse lá só para contar as outras histórias e não contasse a dela de verdade.

E, quando ela passa pelo sofrimento da guerra – quando esse sofrimento finalmente consegue alcançá-la -, não convence. É frustrante, porque o ritmo de “já vi isso tantas vezes que não me surpreende mais” da Morte tirou a graça do livro para mim. Eu li e percebi, durante a leitura, os prováveis motivos que o tornaram o preferido de muita gente, mas não consegui... Ser convencida por esses motivos. Para cada sequência triste que era narrado como “hoje acordei e não tinha leite” me deixava mais e mais frustrada com o livro.

Queria ter lido o livro antes de ver A Lista de Schindler porque, quando as dificuldades vividas pela Liesel eram citadas, eu só conseguia pensar que ela tinha uma casa, pai e mãe (mesmo que adotivos) que cuidavam dela, comida (mesmo que pouca), roupa lavada e amigos, enquanto os judeus ajudados por Schindler mal a mal estavam vivos sem a ajuda dele. E, talvez, pelo filme se passar também na Alemanha nazista e mostrar uma realidade muito mais dura e cruel do que a realidade que chegou até a Liesel, eu tenha ficado mais insensível às perdas dela. Some isso ao meu problema com a narração e o resultado é a frustração total com um livro muito bom.

Então sim, eu recomendo o livro, principalmente pelos personagens secundários (sério, dá para chorar com vários deles) e pela diagramação incrível, e com alguma torcida para que você goste mais da história do que eu. :P

Um comentário:

  1. Sou extremamente suspeita para falar desse livro, porque faz parte da minha lista de favoritos desde que eu o li... Eu não separo as histórias dos personagens, e como eu li em dois dias, não deu pra comparar com qualquer outra coisa triste, então... Apenas acho a obra incrível.

    E é uma pena que você não tenha gostado ._. Vou parar de te dar livros '-'

    ResponderExcluir