quarta-feira, 11 de junho de 2014

#35 Lendo: A Seleção

Sinopse: "Para trinta e cinco garotas, A Seleção é a chance de uma vida. É a oportunidade de ser alçada a um mundo de vestidos deslumbrantes e jóias valiosas. De morar em um palácio, conquistar o coração do belo príncipe Maxon e um dia ser a rainha. Para America Singer, no entanto, estar entre as selecionadas é um pesadelo. Significa deixar para trás o rapaz que ama, abandonar sua família e seu lar para entrar em uma disputa ferrenha por uma coroa que ela não quer e viver em um palácio sob a ameaça constante de ataques rebeldes. Então America conhece pessoalmente o príncipe e percebe que a vida com que sempre sonhou talvez não seja nada comparada ao futuro que nunca tinha ousado imaginar.”

Autora: Kiera Cass

A Seleção foi meu livro escolhido pro mês de maio do Desafio Literário, “um romance contemporâneo”. A Seleção geralmente é colocado em distopia, mas eu não consigo ver esse livro como uma distopia de verdade. Falta o tal controle opressivo, a sociedade corruptível, o pessimismo. Achei um romance mesmo, num universo alternativo, mas só um romance.

O livro conta a história da America, selecionada para participar d’A Seleção, uma espécie reality de “encontre o amor da sua vida”, meio competição, meio sinal de paz com os cidadãos – o príncipe escolhe entre 35 meninas “comuns”, de qualquer nível social. A inscrição é voluntária, e as inscritas passam por uma peneira – dizem ser sorteio, mas ao mesmo tempo dizem que são escolhidas a dedo pela aparência – e vão morar no castelo. Não tem um prazo para durar essa Seleção, e enquanto elas estiverem lá, suas famílias ganham uma ajuda de custo. A vencedora casa com o príncipe e sua família vira nobre.

Tem todo um sistema de castas que não é tão explicado, uma guerra acontecendo (que também não é explicado) e rebeldes que parecem sem causa, porque também não é explicado. Por isso poderia ser uma distopia – pela hierarquização, onde a casta Um é formada pela família do rei e da rainha e a casta Oito é formada por andarilhos e mendigos -, mas os problemas parecem muito distantes da protagonista e não deixam de ser algo que acontece hoje – dizer que o sistema de castas é uma distopia é chamar a situação na Índia de distópica.

A personagem principal, America, é da casta Cinco, onde ficam artistas (músicos, atores, cantores, escultores, pintores and all that jazz), e várias vezes fala sobre como a família não tem dinheiro e tem pouca comida. Quando o irmão dela queria repetir o jantar, não pode porque a comida havia acabado. Mas America encontrou, mais tarde, um pão que estava mofando e uma maçã. O pão estava mofando e o irmão não pode repetir. E a comida havia acabado. Mais tarde, ela monta um banquete – ou ao menos é como ela chama – para o então namorado Aspen. E lhe falta dinheiro e comida.

Do mesmo modo, a guerra parece algo muito distante. Somos um país jovem, é normal sermos atacados. Tão normal que ela nem presta atenção nas atualizações feitas pelo rei todas as sextas. O mais próximo que ela chega de conflitos armados é quando o castelo é atacado por rebeldes- o que acontece duas vezes nas poucos mais de duas semanas passadas por lá antes do livro acabar. Rebeldes esses que ninguém sabe explicar porquê se rebelam, o que querem, como resolver. É como se eles tivesse What’s Up? como grito de guerra – a música que pergunta "o que está acontecendo?" quando nada estava acontecendo.

Outro ponto que eu não gostei nem um pouquinho foi a personagem principal. O livro é narrado em primeira pessoa, e isso foi um problema em alguns trechos – como a primeira conversa com o príncipe – porque a America “pensava” uma coisa e respondia outra bem diferente. Aliás, eu nem teria problemas com a personagem ser chata se ela fosse coerente. Ela grita com o príncipe – o cara que pode colocá-la para fora num segundo -, é totalmente mal-educada com ele quando ele só está tentando ajudar, mas quando leva um puxão de orelha mal-educado da Silvia, fica vermelha e abaixa a cabeça? Está irritada com o Aspen, está se dando bem com o príncipe, aí revê o ex e volta automaticamente pro “Deus no céu,Aspen na terra” e danem-se as explicações? Sugere a idéia de ser a “confidente postiça” do príncipe e depois lhe acerta uma joelhada porque ele dispensou guardas e repórteres? Fora todo o doce que ela resolve fazer quando o príncipe fala que gosta dela.

E o que mais me irrita no livro – além da America – é que a idéia é boa, poderia ser uma história ótima, poderia ser um dos meus livros preferidos, mas foi muito mal desenvolvido. É triste perceber que eu adoraria a série, mesmo com a personagem chata, se ela não fosse cheia de furos. E, depois que você vê uma ou outra contradição, qualquer coisinha começa a se destacar, como a America falando que o nome dela veio de um país que lutou para se manter unido, depois de citar Canadá e Estados Unidos. É uma pena, mas o livro não funcionou mesmo pra mim. Vou terminar de ler a série, mas mais pela curiosidade do que por ter realmente gostado, e sem qualquer expectativa ou esperança de melhora.

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