terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sobre o primeiro Lollapalooza BR

"I'm looking to the sky to save me
Looking for a sign of life
Looking for something to help me burn out bright"

Learn to Fly, Foo Fighters


Saiu o lineup do segundo Lollapalooza Brasil e eu percebi que o tempo passou e eu não postei sobre o primeiro – que sim, eu fui. A verdade é que foi... Terrível. Boas bandas, pessoas legais, mas...

Eu fui com minha irmã e uma amiga dela, a Mari, pelo Foo Fighters. Praticamente, pelo Foo Fighters, já que a outra banda que interessava – Joan jett – se apresentaria no palco do outro lado do evento, e a apresentação acabaria no exato horário que estava marcado para começar Foo Fighters. Mas ok, compramos, pagamos não lembro quanto – inteira, as três – e, antes das sete da manhã, estávamos lá, com nossas camisetas pretas debaixo do sol.

O fato é que não tenho do que reclamar de todo esse começo. Organizaram bem a fila, dividiram o pessoal em várias filas menores e a entrada, pelo menos pra gente, foi bem rápida. Saímos correndo pra pegar um bom lugar na frente do palco principal – como esperado – e - como não esperado – encontramos pessoas paradas pelo caminho, gritando “corre, tá chegando, não desiste”. Weird. Mas engraçado.

Preferímos passar na área dos banheiros (químicos, caso queira saber) antes porque só Deus sabe se conseguiríamos ir depois – e, como descobriríamos depois, foi a melhor idéia do dia – e outra boa surpresa. A área tinha VÁRIOS banheiros e algumas pessoas cuidando. Como fomos praticamente as primeiras ali, estava tudo limpo e bonitinho, não sei se continuou assim, mas só pelo número de banheiros e ter pessoas cuidando, já é um ponto positivio.

Sentamos no chão na frente do palco principal e eu provavelmente posso dizer que aí começou o problema. Levamos copos de água, doces, salgados, camisetas mais leves, tudo para ficar ali o máximo de tempo que desse. E, nos primeiros shows, foi bem tranquilo mesmo. O sol estava bem forte, bem ardido, mas eu honestamente prefiro céu azul e sol forte no lugar de frio e chuva.

Lá pelas três da tarde, no show d’O Rappa, a coisa começou a ficar complicada. Não tinhamos copos de água, era humanamente impossível ir para qualquer lado, os pontos de venda estavam muito atrás e ninguém conseguia chegar onde a gente estava. A produção jogava garrafas de água gelada, mas tente pegar uma dessas garrafas quando estiver rodeada por dezenas de milhares de pessoas – e, para ajudar, tenha 1.63m.

E então, a cena que realmente está gravada na minha cabeça. O Falcão, vocalista d’O Rappa, se jogou na platéia. Não é exagero dizer que ele pulou umas três pessoas pra minha esquerda, e que todos nós voamos quando as pessoas tentaram chegar mais perto. Acho que, depois disso, viramos o famoso unidos-venceremos. Não dava para tentar dar um passo para trás ou para frente sem pisar em alguém, abaixar era impossível.

Aí vem outro ponto legal do festival: o público em si. As pessoas passaram a dividir água e comida com todo mundo em volta. Um pegava uma garrafa de água, tomava alguns goles e passava pro do lado. Ou pegava dois copos de água e dava um para a pessoa que estava atrás. Chegou um momento em que o cara que estava do meu lado pediu bolacha (!) e chegou um pacote na mão dele, fechado. E ele abriu e foi distribuindo para quem estava em volta falando que ia “alimentar o povo” – e com direito a piadinha do amigo dele, “se você tirar 75 mil bolachas desse pacote, eu me converto é agora”.

O público foi, pelo menos até os primeiros acordes de All My Life, uma das partes mais interessantes do festival.

Até os primeiros acordes de All My Life. Porque, depois, foi impossível apoiar os dois pés no chão, respirar e enxergar. Para minha alegria, os dois casais na minha frente começaram a brigar e se bater. E o segurança não fez nada. Eu via pessoas passando mal e ouvia gritos de verdade e eles continuavam parados. Em algum momento, me perdi da minha irmã e resolvi que aquele empurra-empurra tinha dado pra mim. Só queria sair dali.

Tentei falar com a Mari, que estava perto de mim, e comecei a abrir caminho pelas pessoas, para trás e para longe. Acho que minha cara de desespero fazia eles nem perguntarem, só abrirem caminho. Em algum momento, três meninas resolveram seguir junto, e as pessoas foram bem legais parando uma roda punk pra gente passar. Chegamos num lugar aparentemente reservado pros fotógrafos da imprensa, o segurança, assim que pisamos ali, veio avisar que não podia ficar – o posto médico, caso queira saber, estava quase do outro lado do lugar.

Ele resolveu deixar a gente ficar – talvez o choro tenha ajudado? – e eu comecei a tentar falar com minha irmã. O segurança não podia ajudar, não tinha rádio e não sabia o que eu podia fazer. Quando a Mari melhorou e começou a pular e cantar junto, ele veio dar bronca, falando que se ela estava bem, poderia voltar pro meio do povo. Estava tocando Learn to Fly quando consegui falar com minha irmã. Estava bem, também correra, voltaria para mais perto do palco. Nós ficaríamos ali, meu estômago ainda não me dava segurança alguma de que conseguiria andar.

Além de nós duas, umas 8 pessoas já estavam ali, incluindo um cara com o pé quebrado. Em menos de três músicas, mais seis chegaram passando mal. A impressão que eu tinha é que todos faziam a mesma coisa – corriam para longe do tumulto e entravam na área reservada porque era um lugar vazio e com espaço livre para respirar fundo. Mais fácil de achar que o posto médico. O ritmo de perdidos passando mal continuou o show inteiro.

Ficamos por ali o tempo inteiro, com algumas broncas e algum teatro “ainda estou passando mal, cara”. Quando começou a tocar Best of You, o cara da perna quebrada e algumas pessoas em volta levantaram os pap[eis com “OH”, e todo mundo cantou junto. O segurança veio dar bronca e eles discutiram feio. O cara reclamou que não tinha seguran;ca para garantir nada ali, e era só olhar o número de pessoas passando mal só naquele quadrado para ver que era verdade. E todo mundo concordou.

No fim das contas, cheguei cedo e vi o show de longe, praticamente pelo telão. Vi Dave Grohl de perto, mas, sinceramente, não lembro muito disso, estava sendo esmagada e levando cotoveladas sem ter nada a ver com a história. Os shows valeram? Com certeza, ótimos músicos e pude ver Foo Fighters com Joan Jett cantando Bad Reputation e I Love Rock’n’Roll, além do show d’O Rappa, que não se apresentava há dois anos, e do Marcelo Nova, que tem uma língua bem afiada MESMO. Mas fiquei uma semana dolorida, duas semanas gripada, tive momentos de pânico por não conseguir respirar at all e por realmente não saber como sair daquele empurra-empurra.

Concordo com o cara do pé quebrado. O festival tinha tudo para ser ótimo, mas seguranças que não cuidaram dos visitantes conseguiram acabar com isso. Sinceramente, por mais atrativo que seja o lineup do Lollapalooza 2013, minha vontade de ir é zero. Gastar todo o dinheiro pra ver o show do fundão, pelo telão, ou acordar cedo pra ver o show do fundão, pelo telão e com um segurança falando que você não pode se manifestar at all? E sair morrendo de medo de acontecer algo parecido de novo?

É culpa da organização? Não sei, fora os seguranças se fingindo de cegos, surdos e mudos, as pessoas que eu encontrei da organização, como eu disse, foram legais e atenciosos. Mas alguém foi culpado, não? Seria o cara do pé quebrado, por ter quebrado o pé e mesmo assim ido ao festival? Ou eu, por ter passado mal e saído do meio do povo antes que desmaiasse? Talvez a Mari, por ter tentado aproveitar o show do lugar em que estava?

Pois é.


Agora
- Jukebox Hero/I Love Rock'n'Roll (medley do Rock of Ages)
- Nada, tv desligada. Sim, estou perdendo o jogo do Barcelona. xD
- Youtube, Twitter, Facebook, ESPN
- Nada
- Vida, intercalado com Hades, intercalado com Comer, Rezar, Amar, porque gosto de ler vários e não terminar nenhum. - NOT
- Que eu deveria ter feito os waffles mais tarde.
- Fome. E cheiro de baunilha, porque gosto de colocar algumas gotas na massa pra deixar a cara cheirando a baunilha. *-*

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